terça-feira, 10 de maio de 2011


- Às vezes tenho a impressão de que você vive em outro mundo. De que você veio de outro tempo e apareceu aqui por acaso. - ele se espreguiçou como se tivesse todo tempo do mundo, e fitava o céu como se buscasse algum sentido nessa conversa.
Peguei um punhado de grama nas mãos e passei a observá-las: - Bem, eu sou. Respondi simplesmente.
Ele já não fitava o céu, apesar de estar com o olhar fixo na grama em minhas mãos, senti a intensidade de seu olhar, e resolvi prosseguir. - Eu vim de um mundo onde amar não era pecado, sorrir não era sarcasmo e abraços não eram seguidos de punhaladas pelas costas. O lugar de onde venho sempre me deu motivos para seguir e nunca me espremeu até que todas as gotas de lágrimas que tinha em meus olhos caíssem. - respirei fundo e, como ele não dizia nada, resolvi continuar - Esse mundo foi criado apenas na minha cabeça, admito. Pode parecer insanidade, infantilidade, ou insignificante, mas esse mundo é melhor do que o que está aqui fora. Aqui, tudo o que tenho é isso - sacudi a mão com o punhado de grama - minha única certeza agora é o que está em minhas mãos. O resto pode ir embora a qualquer momento. 
Ele encaixou a cabeça na curva do meu pescoço e envolveu um dos braços em minha cintura. Com a outra mão, tirou o punhado de grama da minha mão, a colocou em seu rosto, e sussurrou: Agora, eu sou sua certeza. 

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