quinta-feira, 12 de maio de 2011


Hoje eu acordei sem sentir sua presença, e entrou um vento gelado em meu coração ao constatar que você não estava ao meu lado - ao invés de teu corpo, havia um bilhete. Nele, apenas um singelo “Preciso ir”, com suas iniciais no final. Nenhuma demonstração microscópica que seja de carinho, ou ao menos uma promessa de que eu veria você no final do dia. O primeiro sentimento foi o de raiva, amassei o bilhete e o joguei para longe, decidindo que, se você não se importava, eu me importaria ainda menos. Respirei fundo e senti seu perfume, procurei vestígios de sua presença antes de começar a pensar que a noite foi um sonho, que você nunca esteve aqui e ter a certeza de que meu amor por você tirou a última gota de sanidade que restava dentro do meu corpo. Percebi o travesseiro com seu perfume e o abracei com força, e veio a segunda reação. A tristeza. Eu nunca pensei que aquela cama pudesse ficar tão grande em questão de segundos. Uma dor terrível se apoderou de meu corpo, impedindo-me de respirar. Fechei os olhos com força para tentar aplacar tal sofrimento, mas este não me deixava.
Levantei, andando de um lado para o outro, procurando o que fazer. Tomei um banho torturante, onde as gotas de água quente pareciam perfurar minha pele, apagando cada vestígio de seu toque. Me troquei, obrigando-me a acreditar que a noite passada fora uma ilusão da minha mente. Tomei um café forte, para obrigar seu gosto a sair da minha boca. E trabalhei - como se não houvesse o amanhã - para tirar qualquer rastro de seu nome da minha mente.
Mas nada disso adiantou, porque quando a noite chegou, o bilhete ainda estava lá, jogado perto da cama, com sua letra e digitais. E é ele que ainda me prende à você, fazendo-me lembrar em todas as noites frias que um dia seu corpo esteve junto do meu; que o meu coração já fora aquecido pelo seu. E agora, não tem mais jeito, ele jamais descobrirá o caminho de volta para o gelo que era antes da sua chegada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário