quarta-feira, 11 de maio de 2011


Não sei mais o que falar, o que pensar. Só sei que dói, e não cessa. A dor é tão grande, tão forte e devastadora, que já não a sinto. Essa é a pior forma de dor que alguém pode ter. De tão forte, não machuca, mas muda. Entra, se instala, e transforma tudo o que existe dentro de seu hospedeiro. Me transformei, fui desfeita. Me refizeram em outros moldes, de outros genes, outros mundos, outras dores. Não me importo, já não sinto.
As pessoas tornaram-se meras imagens ilustrativas - como quadros surrealistas - em meus dias. Imagens que falam e andam. Imagens que julgam, mas tudo o que dizem não valem nada para mim. Parei de sair, pois as imagens me cansam. Também não me socializo, elas não me interessam. A companhia de todas as horas se tornaram meus livros, minhas músicas e minhas coisas. Tudo o que passou a importar sou eu. As imagens dizem que sou apenas uma alma egoísta que precisa se recuperar e ver a vida de novas formas. Mas elas não sabem que isso já ocorreu. Foram elas, as imagens, que me mudaram e me fez ver o que antes eram pessoas, como telas cheias de desenhos sinistros. O engraçado é saber que, para elas, a imagem assustadora sou eu, quando foram elas que me transformaram nisso que sou - uma tela vazia. 

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