quarta-feira, 11 de maio de 2011


O despertador tocara minutos atrás, mas fingiu que não escutou. Afinal, para que levantar? Para suportar mais um dia? Para somar sua existência em mais uma data no calendário? Ela não queria mais isso. Lembrou-se do livro que acabara de ler, era um romance, daqueles em que você se sente sem amor até se tiver um, porque sabe que nenhum homem chegará aos pés do protagonista. A escritora descreveu o homem perfeito - aquele em que a cor fios de cabelo e dos olhos não importavam, de tão encantador que era. Um homem idealizado, feito exatamente para aquela mulher. Sentou entre as cobertas e abraçou o travesseiro com força, perguntava-se se existiria o homem - aquele que havia sido feito para ela -, existia. Quem sabe já não tivessem se encontrado, e ela o tivesse afastado, como fez com todos os outros? Era isso. E se aquele que a faria ter ânimo para levantar dessa cama e viver já tivesse desistido? E se fosse tarde demais? Uma infinidade de “e se” ecoava pela sua cabeça, com um redemoinho de traumas. Passado e futuro tornavam-se apenas um. O dia mal começava, e ela já desistia. Estava cansada, não queria mais desistir. Não queria esperar milagres, caras certos, errados ou mais ou menos. Finalmente havia desistido de desistir, e decidiu fazer algo por ela mesma. Levantou da cama e foi se arrumar para enfrentar o mundo. A partir de hoje iria começar do zero, falou sozinha, e seja o que Deus quiser!

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