sexta-feira, 25 de novembro de 2011


O cheiro forte de café exalando da minha xícara não amenizava seu perfume que ainda estava espalhado por toda a casa. Está tudo exatamente igual desde quando você se foi. A louça do nosso último jantar ainda está metade na pia, metade na mesa e os cacos do prato que quebrou ainda estão no chão. As velas se apagaram e agora formam um desenho com a cera derretida. A toalha xadrez, vermelha e branca, ainda está manchada de vinho e as almofadas estão no chão. Nossas roupas estão em cima da poltrona e a cortina continua entreaberta. Sua escova de dente ainda tem lugar no meu banheiro e seu roupão está pendurado. Seu shampoo está aberto e sua toalha está jogada no canto do chão do banheiro. Achei um maço de cigarro teu na gaveta do criado mudo. Fumei. As roupas que lavamos ainda estão no varal da área de serviço, agora secas. Nossas fotos estão espalhadas pela cama, já que é o lugar que eu mais fico. Algumas estão queimadas, outras rasgadas, outras continuam inteiras. Seu chocolate favorito ainda está no armário. A lareira se apagou, agora só restam as cinzas que voam conforme as correntes de vento. O lugar que antes costumava ser nosso cantinho agora varia em tons de cinza, mas ainda assim tenho medo de sair de casa. Medo porque lá fora você não está comigo. Talvez um dia esse medo passe. Enquanto isso continuo vivendo nessa nostalgia, nesse mundo de lembranças, agora só minhas. Aqui, te sinto comigo, nem mesmo o cheiro forte de café exalando da minha xícara ameniza seu perfume que ainda está espalhado por toda a casa.

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