segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


Dei por insuportável o que estava sentindo. Não me restava esperanças, apenas o definhar do meu próprio sofrimento: seria esse um desfecho tão trágico para mim? Morrera eu, nos últimos anos, aos poucos. Mas uma morte psicológica. Estava vazia, sem coração. Nem eu me reconhecia mais. No espelho, meus olhos brilhavam, mas era um brilho diferente, um brilho sem cor. Nem meus braços pareciam me obedecer mais. Tão fraca que estive, que nem ao menos eu mesma tinha controle sobre mim. Nos últimos meses o que me fortaleciam era aquele café gelado, e as músicas altas. Minha vida tinha chegado a um ponto em que meus próprios pensamentos me atormentavam. Era dor demais pra mim, e eu sou fraca. A mente em turbilhões de pensamentos, e uma única pergunta na cabeça: por que eu ainda não desisti? Por entre meus pulmões, o coração batia cada vez mais fraco. Desistir talvez seria irresistível. Já não acreditava mais nas pessoas, tampouco em mim mesma. E eu estou sozinha, completamente sozinha. Sinto uma ausência do meu próprio corpo, onde só consegui sofrer. Para não enxergar meus próprios problemas, comecei a destruir vidas alheias. A primeira que destruí, me lembro bem: foi a minha. Desconhecia a felicidade. Algo que nunca possui. Estúpido acreditar que um dia mudaria. Só pioraria. Não acreditava mais em mim, e nem no que seria daqui pra frente. O único sentimento que sentia era o ódio, e na maioria das vezes, por mim mesma. Eu me odeio por ser assim, tão ingênua. Tomei-me pelo vazio que mal imaginava que pudesse atingir o que chamavam de alma. Mas dentro de mim, não havia nada, e na minha mente, só lembranças de um passado nostálgico. “Vá em frente” Uma voz ressoava de longe, distante. Imaginei que aquela seria mais uma das minhas crises de loucura de que tão fraca que eu estava, me fazia sentir coisas sobrenaturais. “Obedeça.” A voz era rude e grave, mas não a reconhecia. Foi então que resolvi sair daquele cama em que estava e descer até o térreo. Meus pés descalços, e meu coração sem frequência de tão debilitada que estava. “Vá” ouviu-se novamente, não era possível reconhecer a voz, e nem ao menos encontrá-la. Ela parecia saber exatamente o que eu sentia, e mais: me fazia querer aquilo cada vez mais. Agora me deixe ir, que algo bom me espera. Eu estou saindo de minha gaiola.



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