sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

“Ela era baixinha e tinha os cabelos longos, volumosos, dedos se perdiam entre eles, escorridos no seu rosto. Olhos fundos e castanhos. Indecifráveis. Usava um perfume que lhe fazia fechar os olhos e suspirar. Um sotaque engraçado e uma voz gostosa de ouvir. Um riso agradável, doce. Um abraço aconchegante. Uma timidez, que deixava-a mais atraente. Tinha um controle ímpar sob seus sentimentos, não sentia segurança suficiente para entregar-se totalmente. Receio ou medo, talvez. Já que, mais de uma vez, teve seu coração dilacerado. De tanto correr atrás, seus pés cansaram-se. Passou a acreditar que amor não existia, era mentira, uma história sem graça que lhe fazia bocejar, como uma criança, que acabara de descobrir que papai noel não existe, que fica abalada por ter vivido uma mentira — por mais boba que seja — mas que depois supera, tendo isso como lição, para nunca mais acreditar nas histórias que sua mãe lhe contava antes de dormir. Era singular, era como música, era de gelo, era intensa, era indiferente, era possessiva, era ela, só ela, sem par. Fria. De pedra. Tentava ser. Sofria. Sorrisos. Sinceros. Expectativas. Cansou-se. E de tando se decepcionar, hoje, não se decepciona mais.” 

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