sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


“Então faz assim, me deixa ficar perto quando você quiser a minha distância e me deixa encher seus ouvidos de palavras vagas quando você não aguentar mais o som da minha voz. Me deixa ser extremamente irritante e cantar no seu ouvido pra você dormir. Deixa eu marcar sua bochecha com meus lábios e acariciar seus cabelos quando estiver cansado. Não me importaria nem um pouco em deitar no sofá da sua casa com você e assistir aquele filme romântico sem muito interesse, analisando você sorrir. Eu poderia, o tempo que fosse, ficar repetindo o quanto eu gosto de te ter perto mesmo quando o certo seria ficar longe. Então me deixa me vestir da forma mais engraçada para te fazer sorrir; me deixa ser um pouco de mel e um pouco de sol. Me deixa deitar na sua cama e deitar nos seus braços ou te aconchegar nos meus. Me deixa ser suave e sombria. Me deixa ser brisa e tempestade. Me deixa chegar perto quando você quiser ausência, me deixa ficar longe quando você quiser presença. Me deixa ser um pouco do oposto; ou me deixa ser do seu jeito. Me deixa te enlouquecer a cabeça, te ligar no meio da noite por perder o sono. Me deixa fazer planos no futuro com você, mesmo se não for para cumprir nenhum. Me deixa te dar um pouco dessa vontade que eu tenho. (E se possível, te dar amor também.) Me deixa não encontrar o caminho de casa, te irritar com os barulhos dos meus sapatos durante a noite, acordar de madrugada por algum sonho ruim e ir assistir TV na sala. Me deixa ser meio madura e meio criança até te enfeitiçar. Ou te fazer querer distância. Mas deixa; deixa eu tentar, deixar eu mostrar que eu sou todas as imperfeições. Deixa eu deitar no meio do teu corpo e sussurrar que o mundo lá fora é grande demais e que a dimensão é pequena para tanto desencontros; deixa eu mostrar que eu quero estar perto. E por volta e meia da situação, me deixa te mostrar que eu tenho medo. Muito medo. Medo de não te ter aqui quando amanhecer, ou de dormir sem te ter. Pois é horrível a sua ausência, amor. É horrível o seu silêncio. E eu que pensei tanto que não me apaixonaria, hoje queria só que você me deixasse ser aquilo que eu pensei que jamais seria. Aquele clichê sensível que, às vezes, até embrulha o estômago. Mas é tão bom me imaginar ao seu lado, amor. E eu queria poder explicar a mim mesma que eu poderia tudo sem ter você, mas é melhor com você. É tudo mil vezes melhor. E mesmo que eu fosse exatamente como você ou o oposto. Mesmo que eu fosse tudo o que você negaria ou odiaria até o fim da vida, é não me importaria em te pedir para me deixar tentar. Me deixar tentar ser um pouco parte de você. Parte do que eu sei que, apesar de tanto negar ou evitar, é o que tanto preciso, tanto procuro.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário