sábado, 17 de dezembro de 2011




— Meu anjo. — Ele sorriu olhando diretamente nos meus olhos.
— Anjo pode até ser, mas seu nunca mais. —Respondi seca e desviando o olhar.
— Por que guarda tanto rancor, pequena?
— Pois amei quem eu não deveria ter amado. — Tentei ser firme ao dizer isso. Desde maio eu não o via mais, mas ele continuava com o mesmo par de olhos de ressaca, da cor azul, como o céu, seu cabelo castanho sempre para cima, ele nunca havia mudado o jeito de mexer nele, mas eu gostava assim. Senti que estava tremendo, e já desnorteada. Seus olhos me hipnotizavam, na verdade, cada detalhe seu me hipnotizava, e eu o amava ainda […]
 — Não diga assim pequena… é… — vi-o ficar sem jeito e gaguejar um pouco — aceitas tomar um café comigo?
— Estava indo pra cafeteria agora.
— Posso lhe acompanhar? Se não for muito incomodo, claro.
— Que seja. — Continuei andando, por mais seca que estava sendo, era o melhor para mim, meus medos começavam a me rondar novamente, o que não acontecia há meses. Ele correu, tentando acompanhar meus passos, mas eu dava passos largos e rápidos, com pressa, pressa para que aquilo terminasse logo.
— Ei, parece que não quer a minha presença, não é?
— Tanto faz. — Eu realmente precisava mostrar que não precisava mais dele, mesmo precisando.
— Entendi… Eu vou te deixar sozinha, e se quiser conversar, sabe onde me encontrar.
Ele me deu um beijo no rosto e saiu. Ele era a única pessoa que conseguia me tirar à certeza. Ele foi um erro que eu precisava ter deixado no passado, mas não consegui, e ao ter ele perto de mim, toda a certeza que eu tinha, sumia. E eu insistia em errar novamente. Olhei para trás, ele já estava longe. Respirei fundo, coloquei meu cabelo pra trás da orelha, e fui em direção a cafeteria. Sozinha.

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