sábado, 17 de dezembro de 2011


Não me acho bonita. Aliás, eu sei que não sou. Me olho no espelho e vejo a última pessoa pelo qual alguém poderia se apaixonar, alguém poderia gostar ou se apegar. Fico me perguntando se talvez eu fosse diferente não seria melhor, não seria mais fácil. Vivem dizendo que preferem o interior do que o exterior, mas vem me dizer na real verdade, quem não olha a beleza? Afinal, o que você vê por fora é exatamente isso. E beleza é uma coisa que eu não possuo. Talvez, quem me conheça me julgue por um bom caráter, mas para isso deveria me conhecer muito, muito bem. E ninguém consegue chegar a tal ponto. Me olho no espelho e vejo um nada, um vazio, um oco. Vejo ninguém. Alguém que se perdeu no próprio medo, na própria escuridão, que se arriscou demais, que se machucou demais. Alguém que perdeu tudo e anda ganhando muito pouco para recompensar toda a dor, toda a imagem mal feita, mal desenha em frente ao espelho. Eu vejo uma imagem refletindo desespero, refletindo mágoa. Eu queria me sentir melhor, eu queria me sentir mais eu, só que não consigo. Talvez seja porque eu cansei. Cansei de ser sempre aquela que não sabe fazer, só sabe mostrar. Só sabe querer. Eu cansei de ser a que nunca fará “a diferença” e sim aquela que vai mostrar o melhor caminho a seguir. Eu queria ser “a” e não “uma” e a imagem refletida no espelho me mostrou que eu não consigo isso. Que eu nunca vou conseguir. 

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