quarta-feira, 4 de janeiro de 2012


E mesmo querendo te odiar, dizendo que você não é nada e que logo vai passar, eu continuarei te amando, você continuará sendo tudo e isso nunca irá passar. Odeio essas madrugadas em que a verdade é a única coisa que há. Não preciso ser lembrada a cada segundo de um passado que hoje só machuca, não preciso lembrar de cada mentira que prometemos ou de cada palavra que formavam as nossas juras de amor, eu não preciso sentir isso por você. Você já se foi, já me deixou. E eu preciso te deixar ir, eu devo te deixar ir. Não posso te prender em mim para sempre. Não posso guardar essas memórias como se elas fossem o motivo de eu existir. Acabou, preciso entender. Preciso aceitar. Não há mais nada a fazer, apenas esquecer. Apenas tentar esquecer o que é inesquecível. Mas por algum motivo você está presente em mim, seja no rosto daquele estranho na rua, na música do rádio, nas ervilhas da minha salada, nos cantos dos meus lábios, no fundo do meu coração. Aonde quer que eu vá, você está. E eu não suporto mais isso. Já passou da hora de te deixar ir, - repito isso todos os dias, todas as vezes, em cada texto, em cada linha. Talvez assim eu traduza a mensagem que no momento parece uma língua totalmente desconhecida para mim - já passou da hora de me libertar dessa minha prisão. Não há mais nada: não há um nós, não há um você, não há um eu. Nada restou. Nada sobrou. Nem o pó do que desejávamos ser, nem a lembrança de um passado, nem a memória de um passado. Tudo morto, enterrado, preso, esquecido em um passado que lá deve permanecer. Suas mensagens foram apagadas do meu celular, seus telefones foram deletados da minha agenda, seu sobrenome foi apagado da minha memória, seu sorriso foi retirado da minha vida. Eu não posso mais me prender a você. Eu não posso mais me torturar desse jeito. Eu estou farta de sentir por um nós que não existe, eu estou farta de esperar por uma ligação que nunca vai chegar, eu estou farta de esperar por coisas que jamais, digo jamais, irão acontecer. Eu não posso mais guardar esse rancor de você aqui dentro. Eu não posso guardar mais nada que se refira à você aqui. Nem mesmo os sorrisos mais lindos ou as lágrimas mais marcantes. De você eu não quero mais nada. Nem um olá, um adeus ou uma volta. Você morreu pra mim. Foi o meu sonho mais bonito, e a minha morte mais sofrida. De você desejo apenas o esquecimento - bom, isso eu já tenho. Não há ódio para você aqui - talvez até tenha um pouco, bem pouco -, não há nada, apenas um vácuo sem fim. Nunca houve, na verdade, algo para nós, querido. Nunca houve e nunca haverá. Somos apenas uma página em um livro recheado de capítulos intermináveis. E como em cada livro, devemos virar a página para saber o que acontece, e chegou a hora de virar a nossa, quero dizer, a sua. Queria que isso fosse um adeus definitivo, mas sou fraca demais pra te expulsar de mim e fingir estar bem sem a sua interferência. Queria ser forte o suficiente pra te tirar de mim e seguir em frente, mas enquanto isso, vou virando as páginas e descobrindo o que acontece. Só espero não esbarrar em você enquanto folheio essas páginas em busca de algo que me complete.

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