terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


"Século vinte e um. E pensar que os últimos séculos, mesmo sem máquinas, celulares, velocidade, praticidade, tivemos pessoas mais evoluídas. Parece que, quanto mais fino o celular, mais gorda a pessoa. Quanto mais inteligente o computador, mais burra a pessoa. Vivemos na época de conflitos e guerras contra nós mesmos. Nós fazemos a própria guerra, o próprio medo. Escravos de nós mesmos e de vícios banais. Quem sabe daqui a uns anos não comecemos a nascer com um celular no lugar do cérebro. Vivemos na época de lendas, das coisas que não existem mais. Das coisas que o homem acabou destruindo, como o amor ao próximo, respeito, a igualdade. Talvez daqui a alguns anos a natureza também vire uma de nossas lendas. Talvez consigamos, não é? Pessoas, seus avós, bisavós, trisavós, até tataravós e por aí em diante não foram as ruas, protestaram e lutaram por direitos (que na maioria das vezes, só vieram a ser nossos na geração seguinte) pra que você, seu projétil da sociedade, dono de um celular quinhentas vezes mais inteligente que você e futuro escravo e dependente tecnológico, fique em casa, colocando hastag no twitter como protesto, compartilhando imagens no facebook ou fique colocando suas fotos nas redes sociais com a máscara do V for Vendetta, isso só te faz mais babaca, burro, imbecil. Isso não tem sentido. Talvez nossa coragem também tenha virado uma lenda. E do jeito que enganamos a nós mesmos, que matamos, roubamos e traímos, talvez nossa honra também tenha virado uma lenda. Mas acho que não. O homem de hoje já não nasce mais com isso."

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