quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


Todos os dias, ela vem e bate na porta de casa. Vem de mansinho — como quem não quer nada, mas tem tudo. Gosto tanto do seu papo agradável que por mim,  conversaríamos por horas. Às vezes, me deparo com nós duas lá no sofá, fazendo companhia uma para outra. Quando chega o amanhecer, a saudade vai embora, então, aproveitamos muito até as hora que ela precisa ir. Vejo fotos, músicas e vejo você estampado nela. Brincamos com números — mais especificamente com as datas, com cores também, principalmente as daquele teu sueter polonês favorito. Temos bom gosto, sabia? Para duas desconhecidas que se encontraram um dia sem mais e sem menos, nos damos muito bem. Ambas gostamos do teu relógio de couro envelhecido e principalmente do brilho que o teu cabelo tem quando está molhado. Teu cheiro não sai da memória, a fragrância dança entre as minhas narinas e provoca meu faro. Guardo até hoje o botão do teu casaco que escapou quando o enroscou na maçaneta da porta. Você se lembra? tivemos que correr pros fundos de casa, pois se meu pai nos visse nos beijando no portão de casa, iriamos estar encrencados. Foram mais que dias — foram pedacinhos de uma eternidade inteira. Uma não, nossa eternidade. Compartilho tudo com aquele meu velho diário verde escuro,  que você morria de curiosidade de ler. Deixei gravado pouquinho de nós ali, assim como fiz no coração. Peço para a saudade te trazer de volta, mas ela me jura não ser forte o suficiente pra te arrastar pra perto de mim mais uma vez. Tenho feito o mesmo pedido pro amor, mas também é em vão. Não sei pra quem pedir, a não ser para você. Então, volta. Por mais que eu goste dessa minha companhia não tão vazia, ainda prefiro a sua.

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