segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


“— Sonhei com você hoje, Pedro. Nós éramos como antes. Agíamos como antes. Sorríamos como antes. Estávamos juntos como antes. Mas não foi um sonho normal, sabe? Foi um pouco de pesadelo também. Porque no final você ia embora, assim como você foi na vida real. Você juntou suas coisas e foi embora. Não só de casa, como da minha vida. Todo mundo sempre diz que quem ama fica, né? Então quer dizer que você nunca me amou. Não o suficiente. Não de verdade.
— Anna, eu te amei. E quando estava com você, me sentia de um jeito que eu nunca tinha me sentido antes. Com ninguém.
— É muito fácil dizer, Pedro. Depois que você assiste alguns filmes de romance, passa a saber mentir sobre os sentimentos. Nos filmes, o protagonista ilude e destrói a garota, e ela diz que nunca se apaixonou por ele e que ele não significou nada na vida dela. Mas continua amando ele com todos os defeitos, mesmo que ele tenha arrancado o coração dela fora e depois pisado em cima. Mas depois tudo fica bem. Ele diz que sentiu falta dela e ela acredita. E daí eles são felizes para sempre. Mas Pedro, é tudo ficção. Isso não existe na vida real. Na vida real, os dois quebram a cara. Ela chora. Ele ri.
— Porra, Anna, não generaliza. Não é sempre assim. Que mania que as garotas têm de achar que elas são sempre quem sofre e que os garotos não sofrem com nada.
— Eu estou falando de nós, Pedro. Esse é o resumo da nossa história: Ela chora, ele ri. Faz uma coisa. Pede desculpas por tudo e vai embora. Vai embora da minha vida, vai embora de dentro de mim. Porque eu estou cansada de lutar por você sabendo que tudo isso não vai dar em nada, porque você não sente a mesma coisa. Estou cansada de ser a única que se importa de verdade com a gente. Estou cansada de viver essa mentira.
— Anna, por favor. Não desiste de nós assim tão fácil.
— Desculpa, Pedro. Mas não existem forças em mim para lutar pelo o que nunca existiu de verdade.”


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