quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


Mas diga-me bailarina, por que guardaste tuas sapatilhas e tuas fitas de cabelo? Não sonhas com algo melhor do que o branco opaco de tuas próprias barreiras? Sei, há muito perdeste teu sorriso num canto qualquer, mas tua esperança pequena, sei que ainda reside aí. Teu peito sempre será inchado, como de passarinho, mesmo que tentes esconder colocando pesares por cima dele. O medo ronda o coração de quem sonha, de quem planta e colhe coisas boas. É ele pequena, sempre ao redor de teu destino, e tu deste finalmente um lugar pra ele depois que aquelas mãos que te sustentavam se foram. Sei onde guardas tua caixa de lembranças boas, de fotos esquecidas por muitos mas lembradas por você. És bonita, engraçada, tímida por vezes… poderia encantar a todos, porém preferes se esconder e se afogar nas próprias mágoas de um passado que deveria estar no seu lugar, mas que faz-se presente cada dia mais. Te derrubam, te esnobam, não sabem teu valor. “Alguém um dia poderia assim o reconhecer, me conhecer, me encontrar?” Se pergunta todos dias. Ninguém sabe a resposta, pequena. Espere, mas espere do teu melhor jeito: bailando. Já se fez pedra, redemoinho, inconstância. Agora é hora de finalmente fazer o papel mais importante desta peça que é a caminhada da espera, tu. Teu resplendor espelhado em tua face rosada se faz mais forte a cada manhã de estação passada. Anjo, anjo… coloca tuas sapatilhas, tua fita no cabelo e dança. Dança na chuva, no quarto, na rua, no escuro, na luz, na pressa, no demorado. Dança em cada fresta que a vida te emprestar e faça bom uso dela, pois assim como a fresta e a luz, a vida também está aí, pra ser uma graça a cada momento batido no relógio.

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