quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


Michael corria além dos limites de velocidade da área. 

O sol brilhava ao fim da estrada e o relógio marcava 14h05min. Em seu emaranhado de pensamentos ele não sabia o que acontecia a sua volta. Não sabia que na próxima curva, um caminhão estaria parado jogado ao chão, que ele tentaria frear e seu carro iria ser lançado no precipício. Que quebraria uma perna no primeiro impacto e cortaria metade do rosto no segundo, muito menos que no ultimo o vidro perfuraria seu coração e ele morreria como um ninguém, esquecido. Viu outra placa que o mandava reduzir a velocidade, ignorou. Os olhos estavam marejados. Seu corpo tremia e sua pele era puro gelo. Pensava nela, somente nela. Em como ela acordava mal humorada, nos dias que saíram para jantar e ela o fez pedir pizza pra comer dentro de outro restaurante. De seu vicio em álcool. Das noites em que a levou pra casa totalmente embriagada. Do sexo que só ela sabia fazer. Pensava em todos os momentos ao lado da mulher que amava. Corria pra não aceitar o fato de que ela, já não mais existia. A dor em seu peito era insuportável, desejava a morte a ser condenado a viver sem ela. As lágrimas tomavam seu rosto. Alicia. Era em tudo que ele pensava. Era tudo que ele precisava. Mas ela estava morta e sem ela esse mundo era só um imenso vazio. Michael sabia que se a situação fosse inversa ela não teria fugido, teria ficado, ido ao seu enterro e talvez até seguido em frente, entrado na faculdade e conhecido algum cara legal. Construído uma família. Pra ele, estas não eram uma opção, nunca pretendeu entrar em faculdade ou criar uma família que não fosse com ela. Alicia. Morta. Sem ter se quer escutado de seus lábios que ele a amava mais que tudo. Que ele sentia sua morte a todo décimo de segundo. Mais lágrimas, Michael entrou no túnel, o rádio chiava e seus dedos começavam a formigar, não sabia a quanto tempo estava dirigindo mas sabia que devia estar longe o suficiente da imagem de uma Alicia morta. Imaginou mentalmente que por um instante ela estivesse ali. Tudo ficou em silêncio, Michael suspirou e disse: “Eu te amo. Abriu os olhos, o pânico o tomou, freou o carro. Seu carro foi em direção ao nada. Então ele fechou os olhos e repetiu. “ Alicia, eu te amo. O relógio marcava, 15h32min. Morreu. 

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